No campo, na quadra, nas águas, pessoas com deficiência enfrentam no Ceir barreiras que não imaginavam vencer um dia.

Em todo o país, 19 de fevereiro é comemorado como o Dia do Esportista. A data visa fomentar a importância da prática esportiva para a saúde do brasileiro. No Centro Integrado de Reabilitação (Ceir), o esporte ganha uma finalidade maior: o tratamento de reabilitação de pessoas com deficiência físico-motora.

Referência no Piauí, o Ceir é o único local do estado que alia futebol para amputados, basquete em cadeira de rodas, natação e capoeira à reabilitação e inclusão social de pessoas com deficiência, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Após um acidente de moto que sofreu há quatro anos, o agricultor Victor Lima, 49 anos, teve a perna direita amputada. Além de mudar os hábitos diários, o ocorrido causou uma depressão em Victor. No Ceir, há dois anos ele encontrou no futebol para amputados novas possibilidades. “Nunca imaginei que eu poderia jogar futebol depois do acidente. Hoje posso jogar pelada com os amigos. Criei uma nova vida!”, afirma Victor, que, com a ajuda da muleta, faz gols no campo e, principalmente, na vida.

Victor faz parte do grupo de 12 amputados que se encontram semanalmente no Ceir, durante a terapia no futebol para amputados. O grupo, que existe há quatro anos, também joga em municípios do interior do Piauí, competindo com outras equipes, e já conquistou o quarto lugar no 1º Brasil Open de Futebol Amputados, em Natal.

Assim como Victor, Edvan Rodrigues, 38 anos, que também sofreu um acidente, explica: “Saindo do serviço na minha bicicleta, eu me confrontei com outra bicicleta, o que me causou uma lesão medular e me deixou em cadeiras de rodas”. Apesar do trauma, Edvan dá aula de superação, ganhando pontos no basquete em cadeiras de rodas do Ceir há três anos. A atividade ajuda no condicionamento físico do cadeirante, já que passa muito tempo em uma mesma posição.

Ana Kássia também ganha pontos, mas nas águas. Em reabilitação no Ceir, desde a inauguração do centro, em 2008, há quatro anos Ana revelou talento na natação. O esporte deixou de fazer parte apenas do tratamento para fazer parte do objetivo profissional da atleta. “Meu sonho é me tornar uma para-atleta da seleção brasileira”, conta a jovem, que, aos 18 anos de idade, já soma 19 medalhas conquistadas em competições de natação locais e regionais e o Prêmio Carlos Said 2013 de melhor atleta do ano.